quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

João Pedro ganha asas.

"Não chorem! que não morreu!
Era um anjinho do céu
Que um outro anjinho chamou!
Era uma luz peregrina,
Era uma estrela divina
Que ao firmamento voou!

Pobre criança! dormia:
A beleza reluzia
No carmim da face dela!
Tinha uns olhos que choravam,
Tinha uns risos que encantavam!
Ai meu Deus! era tão bela!

Um anjo d'asas azuis,
Todo vestido de luz,
Sussurrou-lhe um segredo
Os mistérios de outra vida!
E a criança adormecida
Sorria de se ir tão cedo!

Tão cedo! que ainda o mundo
O lábio visguento, imundo,
Lhe não passara na roupa!
Que só o vento do céu
Batia do barco seu
As velas d'ouro da roupa!

Tão cedo! que o vestuário
Levou do anjo solitário
Que velava seu dormir!
Que lhe beijava risonho
E essa florzinha no sonho
Toda orvalhava no abrir!"

"Era um canto de esperança
Que embalava essa criança!
Alguma estrela perdida,
Do céu c'roada donzela,
Toda a chorar-se por ela
Que a chamava doutra vida!

Não chorem, que não morreu!
Que era um anjinho do céu
Que um outro anjinho chamou!
Era uma luz peregrina,
Era uma estrela divina
Que ao firmamento voou!

Era uma alma que dormia
Da noite na ventania,
E que uma fada acordou!
Era uma flor de palmeira
Que um céu d'inverno murchou!

Não chores, abandonada
Pela rosa perfumada!
Tendo no lábio um sorriso
Ela foi-se mergulhar
— Como pérola no mar —
Nos sonhos do paraíso!

Não chores! chora o jardim
Quando murchado o jasmim
Sobre o seio lhe pendeu?
E pranteia a noite bela
Pelo astro, pela donzela
Morta na terra ou no céu?

Choram as flores no afã,
Quando a ave da manhã
Estremece, cai, esfria?
Chora a onda quando vê
A boiar uma irerê
Morta ao sol do meio-dia?

Não chores! que não morreu!
Era um anjinho do céu
Que um outro anjinho chamou!
Era uma luz peregrina,
Era uma estrela divina
Que ao firmamento voou!"

(Publicado: Poesias de Manuel Antônio Álvares de Azevedo, 1853)

João, não deixa a mamãe chorar... Lhe envie seus sorrisos mais frescos na calada da noite, para que penetrem nos sonhos dela, hoje e em todas as noites, acalentando-lhe o coração... Cuida do coração da mamãe, bebê, hoje e sempre, e voe feliz!

Comentários
2 Comentários

2 comentários:

  1. Que triste :(
    Não sei a história, mas nem consigo imaginar a dor dessa mãe...

    Vou te adicionar no face!

    Beijinhossss

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  2. Bjs, Renata... Já te adicionei tb! Dolorida a história, nem consigo contar sem ficar mal. Queria que todas as mamães que lessem esse poema, dedicassem um pensamento de força para essa mãe, que precisa retomar agora a sua vida!

    A notícia: http://www.blogdovalente.com.br/vs3/?p=26926

    Bjs!

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