...E deixando de ser um bebê!
Sei que disse, e continuo dizendo, que não gerei meu filho para suprir necessidades pessoais de atenção e carinho... Também não o gerei para que ele dê continuidade à minha espécie, ou para atender ao meu instinto maternal ou às "chamadas" do relógio biológico. Como já disse, não tenho relógio biológico; prefiro, como disse Quintana, não olhar relógio nenhum e seguir sempre em frente, "jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas"...
Mas a saudade, aquela que "faz as coisas pararem no tempo", essa é inevitável... No caso dos bebês, a saudade chega semanalmente, tal é a velocidade com que as coisas mudam.
Meu bebê, que um dia me olhava com os olhinhos vidrados e aprendia a sorrir, hoje expressa as suas vontades entre sorrisos e resmungos, com olhinhos inquietos que tudo veem... Caminha a casa toda, apoiando-se nos móveis, fuça cada cantinho, põe tudo na boca e sente todos os sabores. Por vezes, obedece quando mamãe diz "não!"; outras vezes, finje que não ouve e aguarda o "volta aqui, Heitor!".
Hoje o bebê parou de mamar pela manhã... Simplesmente entendeu, ao ver a mamadeira, que não era hora de mamar, era hora de mamadeira. E aceitou.
Até hoje ele tinha seio e mamadeira, em horários alternados. Mas a boa dormida do moço, que agora se espalha no berço até às 08 da manhã, forçaram a mamãe a dar lugar à mamadeira logo cedo.
Enquanto meus seios doem e esquentam aqui, fico mastigando mais essa mudança... É MUITO DIFÍCIL, muito mesmo, deixar de dar o leite materno ao Heitor. Talvez porque sempre que o amamento, me lembro da luta que eu e ele travamos para regularizar a amamentação. A luta contra a mamadeira. As vezes que enfrentei mães contra o Mucilon. E agora, chegou a vez da mamadeira e do Mucilon...
É muito difícil, depois de tanta luta pelo leite dentro dos meus seios, aceitar que agora ele é a exceção, o complemento, o "docinho". Simplesmente não consigo não me sentir falhando, não me sentir "errando" em algo. Sei que é só uma associação idiota que colocam na nossa cabeça, algo como "mamadeira = má mamãe", "seio = boa mamãe" - cá entre nós, totalmente OVER!
Aos poucos, vou fazendo as pazes com a Sra. "Bisfenol-A Free"... Sei que meu bebê cresceu, sei que não dá pra alimentar determinado tipo de comportamento (puxar a minha blusa em público, por exemplo), nem mesmo dá para ficar eternamente adaptando meus horários no trabalho à amamentação. A hora está chegando, e ele está pronto. E mamãe já sente saudades do tempo em que o Heitor era só um bebezinho mamador, uma boquinha sem dentes minúscula demais para muito peito.
Hoje à tarde vamos matar um pouco essa saudade, brincando de mamar. Mas agora mamar e amamentar será só uma curtição de pessoas grandes... Bebê agora avança na maçã da mamãe, agora ele morde até A mamãe. Já sou grande, mamãe!
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